sexta-feira, novembro 03, 2006

Olores

Hoje no metropolitano fui abalroado por algo já tão longe do meu mundo que me aturdiu. O olor inconfundível de uma paixoneta minha do liceu. Curioso, não perfumado mas agradável, irresistível, diria. Uma coisa bestial que não se descreve ou explica, apenas apelo.

Dei voltas sobre mim mesmo e depois, sem encontrar quem esperava ver, cá dentro, pelas memórias. Vi-me transportado para bancos de jardim no princípio do Outono, anos atrás, partilhando um par de headphones de um Walkman Sony com um temperamento estranho, insistia em tocar ambos os lados da cassete ao mesmo tempo, um para a frente e o outro invertido. Um apalpão aqui, um beijo ali. A magia de descobrir corpos e gente dentro deles.

Somos tão deliciosamente parvos quando putos...

O Comboio dos Enjeitados

O crepúsculo deve ser das alturas mais estranhas para se viver. Uma zona zona indefinida onde as excepções são regra e as aberrações norma.

Este tempo não ajuda, clima desarranjado. Canícula de calor e chuva faz germinar qualquer coisa que funciona como uma dose errada de veneno que não mata mas torna o comportamento bizarro.

É uma má altura para se andar de comboio, os utentes parecem todos afectados pela tal dose mal calculada de elementos climatéricos. Mutam-se e tornam-se estranhos. Proporções disformes, corpos feitos a partir de peças respigadas.

Qual 'outlet' de vida com colecções ultrapassadas ou com defeito. Artigos separados à mão - sabe-se porquê - e montados com critérios obtusos a não ser o compromisso com a fealdade.

Jovem Atende Senhora ou Menina

Jovem saudável e asseado, escorreito e de hábitos simples recebe senhoras ou meninas. Preferencialmente meninas, muito honestamente. Atencioso, meigo e minimamente inteligente serve à la carte ou por pedido.

Contrapartida: o tratamento de peúgas, roupa interior e lavagem de loiça.

Não me importo com fazer praticamente todas as tarefas domésticas. Não desgosto de varrer e lavar o chão, limpar os sanitários, até de tratar da roupa. Gosto bastante do cheiro a roupa lavada mas as peças pequenas como peúgas e boxers dão comigo em doido, tiram-me completamente do sério. Lavar a loiça também detesto, não tenho paciência absolutamente nenhuma.

Portanto recebo senhoras, preferencialmente meninas, em troca do tratamento das minhas peúgas, boxers e loiça.

quinta-feira, novembro 02, 2006

São Mil

Muito bem!

O Creolina na Alma ultrapassou a mítica barreira das mil visitas. São poucos, sim, um número modesto mas são bons!

Muito agradecido.
Jonas

Home Porno

O absolutamente indispensável para a produção de um filme porno doméstico à la Taveira

  • Um par de peúgas é essencial para manter os pés quentes

  • Um excelente relógio Casio Digital com bracelete de plástico

  • Óleo de bebé para evitar atritos. Nada dessas mariquices de lubrificantes modernaços com anestesia e tudo. É a sério ou então não é

  • Uma câmara é essencial. Sugerimos Betamax por oferecer qualidade superior mas vai muito bem com VHS

  • O devido suporte magnético

Unhas

"Na sensação de estar polindo as minhas unhas,
Súbita sensação inexplicável de ternura,
Todo me incluo em mim - piedosamente."

Mário de Sá-Carneiro - Manucure

Como não tenho tempo para estas madurezas, tratar das minhas unhas (leia-se cortá-las apenas) é uma tarefa que tem de ser executada muitas vezes em situações limite. De manhã, depois do duche, enquanto estão mais tenrinhas é apropriado. O problema é o tempo, são três ou quatro minutos preciosos para quem anda sempre à escapinha para chegar ao emprego, eu.

Compreendo perfeitamente aqueles que têm um corta-unhas no porta-chaves. É muito mais prático tratar da nossa 'manicure' nos transportes públicos. Deixando de lado, claro, um certo pudor e o facto de as lascas das unhacas voarem quais boomerangs e poderem estar a aterrar no meio dos caracóis de permanente de alguma senhora.

Com a mania das pressas já me aconteceu sair de casa com uma ou duas unhas por cortar. Unhas das mãos, entenda-se, com as dos pés não há esse problema, pois por mais mau aspecto que tenham normalmente não estão visíveis.

Nestes meus episódios, as unhas que acidentalmente deixei por cortar foram as mais improváveis, seria de esperar que se falhasse uma das extremidades, a do polegar ou do dedo mínimo. Com a do dedo mindinho, não fosse a conotação fananzesca ou tóniana, até nos poderíamos escapar como sendo uma coisa propositada, o Canivete(suíço)Português.

Mas não, normalmente esqueço-me da unha do dedo médio da mão direita. Não sei o que isto quer dizer.

segunda-feira, outubro 30, 2006

A Mim

Eu mereço melhor, chiça! Vamos lá começar a tratar melhor este corpo e alminha massacrada.


Tenho prometido a mim mesmo um banhinho de imersão, bem quentinho, e uma garrafita de tinto do Alentejo. Música catita também faz falta.

Como a outra do anúncio "Se eu não cuidar de mim quem cuidará?"

Quoi de Neuf, Docteur?


A crise acabou!

Colocando de parte a falta de sentido de oportunidade e boçalidade desta afirmação do nosso querido ministro Manuel Pinho, vamos lá ver o que nos custará esta resolução.

Há coisas que nos tocam mais que outras, claro. Escolho uma que me implica obrigatoriamente. Cortes no IAJ. Estou de acordo que existam mecanismos eficazes de verificação das condições dos candidatos. É por aqui, para além de cortes ainda não descortinados, que o Ministro das Finanças se propõe enveredar. Cito o JN:

"Além de pretender reforçar a prova de meios (rendimentos) dos beneficiários - de forma a garantir, por exemplo, a incapacidade dos pais para suportar a renda..."

Os pais?! Mas que porra! O que têm os pais que ver com isto? Se se sai de casa por alguma razão é, certo? Já agora vamos lá ver se os papás não têm um quartinho com espaço para levarmos para lá as nossas gajas ou gajos... "Quer namorar, hum? A caminha de solteiro para a qual a mamã arranjou uma colcha tão bonita já não serve?" Qual, aquela do Urso Mischa ou a outra com os Power Rangers?

E imaginemos que os paizinhos até têm capacidade financeira mas estão lixados connosco ou nós com eles, como vai ser? E o incentivo serve para que esta juventude se faça crescidinha, não é para continuar às custas dos progenitores, certo?

Estou mesmo lixado! Não é tanto com os referidos cortes, mas sim com a perversão da coisa, apre!

domingo, outubro 29, 2006

Vincent

Doçura sinistra... É só um miminho.