quinta-feira, novembro 02, 2006

Unhas

"Na sensação de estar polindo as minhas unhas,
Súbita sensação inexplicável de ternura,
Todo me incluo em mim - piedosamente."

Mário de Sá-Carneiro - Manucure

Como não tenho tempo para estas madurezas, tratar das minhas unhas (leia-se cortá-las apenas) é uma tarefa que tem de ser executada muitas vezes em situações limite. De manhã, depois do duche, enquanto estão mais tenrinhas é apropriado. O problema é o tempo, são três ou quatro minutos preciosos para quem anda sempre à escapinha para chegar ao emprego, eu.

Compreendo perfeitamente aqueles que têm um corta-unhas no porta-chaves. É muito mais prático tratar da nossa 'manicure' nos transportes públicos. Deixando de lado, claro, um certo pudor e o facto de as lascas das unhacas voarem quais boomerangs e poderem estar a aterrar no meio dos caracóis de permanente de alguma senhora.

Com a mania das pressas já me aconteceu sair de casa com uma ou duas unhas por cortar. Unhas das mãos, entenda-se, com as dos pés não há esse problema, pois por mais mau aspecto que tenham normalmente não estão visíveis.

Nestes meus episódios, as unhas que acidentalmente deixei por cortar foram as mais improváveis, seria de esperar que se falhasse uma das extremidades, a do polegar ou do dedo mínimo. Com a do dedo mindinho, não fosse a conotação fananzesca ou tóniana, até nos poderíamos escapar como sendo uma coisa propositada, o Canivete(suíço)Português.

Mas não, normalmente esqueço-me da unha do dedo médio da mão direita. Não sei o que isto quer dizer.

Sem comentários: