sexta-feira, setembro 15, 2006

Flutuo

Caminho descalço com os pés frios pelas nuvens
carregando os meus olhos fundo dentro de pacotes de algodão

Tudo branco...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Hipotermia

Fugir da sombra

Os meus duches frios começam a cobrar o seu preço. É certo que embora a temperatura tenha descido significativamente nos últimos dias não tem sido tão difícil a minha higiene como há três semanas, quando comecei.

O problema agora coloca-se quando saio à rua, não posso ir pela sombra. Tenho de ir saltitando por entre os quadradinhos de luz solar para me aquecer. Se por algum motivo não consigo absorver os mínimos raios de sol no trajecto até ao metropolitano chego com as pontas dos dedos roxas e a tiritar.

Pior é o efeito que isto parece estar a ter no meu metabolismo que abranda. Fico lento e estúpido como as lagartixas.

8

Sou mestre em ser eu sem no entanto saber viver;
Pontífice na arte de conjecturar grandiosos planos
só para derrubá-los vê-los caídos por terra;

Engenheiro de sonhos que sonhados deixo ir;
Sou nuvem plúmbea que se afasta trovejando sem se chover;
Tracei a minha deriva e percorro-me indo a lado nenhum

Oiro baço ou louco sóbrio!

Porque não quero eu as coisas que querendo teria?

terça-feira, setembro 12, 2006

Há Festa na Aldeia #2

Aqui vai uma viagem pictórica pelo que foi a festa de Stº António da Abrunheira há precisamente um ano. Não vou acrescentar mais nada sem ser os comentários simples a cada uma das fotografias que falam por si.
À chegada fomos brindados com a arte e mestria musical do agrupamento de baile Os Bacanos.
Uma banda que só transparece alegria e entusiasmo, como é de se ver pela euforia do organista.
Gentes dançavam e rodopiavam em volteios inebriantes...
Não se deixem enganar pelo ar enternecido destes senhores, são criaturas ferozes e selvagens. Terão a oportunidade de verificar o que digo mais adiante...
Não houve vivalma que faltasse ao evento.
Para se certificar que não se cometeriam excessos estava lá o Sr. Provedor da Comissão Organizadora.
Lembram-se de um dos alegres dançarinos? Pois bem, aqui um queria bater-me com certeza a julgar pelas chispas que saltavam dos seus olhos na minha direcção. "Odeio-te vou matar-te!"

É em frente das câmaras que os artistas gostam de estar e é precisamente aí que devem aparecer. Assim que os flashes começaram a espalhar-se pelo recinto logo as vedetas começaram a aparecer.

O pequeno estava especialmente endiabrado. Brindou-nos com uma sequência de momices verdadeiramente inspiradas.
Lembro que nada disto foi encenado, partiu apenas da espontaneidade deste senhor frente à câmara.
O artista merece o seu descanso.
E porque a festa não pára logo surge diante da objectiva uma nova personagem. Um dos dançarinos.
Tivemos direito a uma cantilena repetitiva, num dialecto qualquer indecifrável. Olhos bem na objectiva.
Aqui o espanto e subsequente ira do artista quando percebeu que não iria ser pago. Já não é o mesmo dançarino embevecido que viram antes...
Nada disto teria sido possível de tolerar sem uma boa dose de lubrificantes sociais...

Cantilena De Pedreiro

Aqui vai uma coisa que achei de uma beleza estranha. É, temos disto cá. A estrutura melódica é como nada que eu tenha ouvido na nossa música tradicional. Não sou nenhum esperto na matéria, é verdade.

Esta cantilena é retirada do Volume 1 - Minho da colecção Portuguese Folk Music [Strauss: SP 4198], recolha de Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça

É uma cantilena de Pedreiro, tomai:

Hei-de retirar mais uma ou outra que depois publicarei.

Google

Não anda longe

Inspirado pelo post da minha cara amiga que não presta no
Womenage com um clamor por justiça em relação aos hits provenientes de pesquisas no Google decidi fazer um pouco de investigação.

Achei hilariante a indignação da senhora, parece que não fora um nem dois cibernautas a ir lá parar em busca de
mamadas de velhas. Aqui vai o post original.

Constatei que tenho alguns visitantes vindos de uma pesquisa por Professor Mestre Abibu ou simplesmente Abibu. Simpático!

A bem da verdade achei que devia fazer um pequeno teste de controlo à validade dos resultados retornados pelo Google. Pesquisa por
Jonas Correia (sou eu, sim!) devolveu um resultado interessante e, pasmem-se, correctíssimo!

Portanto amiga Shiz, se o Google diz que por aí há mamadas de velhas não deve andar muito longe da verdade...

Peso

Gosto de me ter como um tipo estável, descontraído e calmo mas corro o risco de, no fundo, não passar de pesado, preguiçoso e lento.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Há Festa na Aldeia

Ou The Circus Comes to Town

Este fim-de-semana fui ao campo, visitar a família, ver os amigos, afagar os animais, ver a horta, essas coisas... Tudo começou com um choque térmico, havia já duas semanas em que não usava nada mais quente que uma t-shirt, ao sair do comboio fui logo bafejado pelo hálito frio e húmido da serra. E a ventania? Há por ali umas terriolas conhecidas pelas árvores de crescimento horizontal unilateral e galinhas de rabo à banda.

Lá me encaminhei até à aldeia e deparei-me com os festejos tradicionais. Tradicionalmente bimbos e mal amanhados, diga-se justamente. Há já alguns anos que existe uma comissão para angariação de fundos com vista à construção de uma igreja (Coisa que eu acho de grande utilidade, sim senhor! Do que aquela terra do Demo precisa mais é de evangelização), a Igreja de Stº António da Abrunheira.

Não me vou alongar com descrições dos artistas decadentes que passam por aquele palco, ou pela pinta dos senhores dos carrinhos de choque ou as criaturas oleosas da barraca das farturas. Nem mesmo pelos frequentadores. É nestas alturas que saem das tocas as aves mais raras, não sei se despertadas do seu sono primordial pelo cheiro da fritura ou pelo banzé.

Tenho acompanhado com algum interesse o desenvolvimento do projecto, desde a primeira festa onde se anunciou o projecto arquitectónico desenvolvido por uma jovem promessa da terra até à festa do lançamento da primeira pedra. Até aqui tudo bem, a coisa correu dentro dos conformes, a verba foi engordando a fazer fé aos balanços e balancetes apresentados.

No ano seguinte começou o disparate: o pretexto da festa, para além da angariação de verbas, foi a comemoração do lançamento da primeira pedra! Um ano depois, por bom senso, parece-me que já não houve mote nenhum e assim foram passando mais uns anos...

Ora, ninguém me pediu a opinião sequer, mas eu até tinha uma sugestão. O lançamento da primeira pedra foi, de facto, um argumento forte para uma festa mas daí em diante seria de esperar um pouco mais de pragmatismo e objectividade. O aniversário do lançamento da primeira pedra não é nada de especial e dá a sensação de que não se está a fazer nada. Uma festa do lançamento da segunda pedra seria certamente mais apelativo, um pouco monótono, é certo, mas sempre dava a impressão de que algo estava a ser feito e havia progresso. Este ano poderíamos estar a lançar talvez a quinta ou sexta pedra, não era mau.

Para outras núpcias fica prometida a reportagem fotográfica do evento do ano passado. Tenebroso!