quarta-feira, dezembro 27, 2006

«Eu sou pintora, disse, e como tenho um belo atelier podíamos combinar para ir lá amanhã.»

O rapaz riu por baixo do boné.

«Também sou pintor mas é de tabuletas.»

Amaram-se muito. Principalmente ali, no encontro feliz. Depois, logo no dia seguinte, vieram as subversões na torpe realidade. Julião tinha um horário invencível, vivia no lado de lá do lado de lá do rio, explicava ele. Aparecia radioso e Titânia tomava-o como uma bebida que não deixa chegar o fim do copo. Às vezes traziam-se coisas, um prego achado na praia, bocados, fotografias. Mas um silêncio irreal, um silêncio nos olhos ainda era a melhor dádiva que se faziam.
(...)

Mário Cesariny

terça-feira, dezembro 26, 2006

À laia de Cenas Obscenas aqui vai um quiz cá deste estaminé:



Quem é esta simpática senhora?

PS: Há brindes para quem acertar, não é como a forretice aí de outros antros...

Não se Diz Mal dos Mortos

Foram:

- 3 anos de prisão por roubo
- 4 detenções por violência doméstica
- 2 anos de prisão por fuga à policia
- Detenção por porte ilegal de armas
- Agressão a um agente da policia
- Várias detenções relacionadas com droga

Quando é que o génio manifestado em certas coisas nos deixa escapar com o facto de sermos uma besta?

Da Honestidade Imobiliária



Qualquer comentário mais é completamente desnecessário, portanto escuso-me a tal.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Top25

Segue ainda sem qualquer tipo de comentário o Top25 de pesquisas que resultaram em visitas a este humilde blogue. É uma coisa que prometo publicar regularmente.
  1. creolina
  2. creolina na alma
  3. mamadas de velhas
  4. iaj
  5. "creolina na alma"
  6. mamadas
  7. haxixe
  8. charlie manson
  9. creolina
  10. alupecia
  11. velhas mamadas
  12. erva da boa
  13. mamadas velhas
  14. choquinhos fritos
  15. escabiose
  16. creolina da alma
  17. cantilena
  18. creolina-na-alma
  19. inposttitle:haxixe
  20. higiene oral
  21. fissura rectal
  22. parangonas
  23. abibu
  24. hipotermia
  25. para que serve a creolina

Gosto e Paladar

Hoje pus-me cá a pensar umas coisas durante a viagem no Metro. Vinha meio enlevado a observar uma senhorita balzaquiana já adiantada (não era nenhuma florzinha nem tinha ar de quem chama pela mãe, não) e notei que a idade realmente faz qualquer coisa. A minha, é da minha idade que falo.

Já dou por mim a reparar, por exemplo, em mulheres mais velhas, coisa que há uns tempos não me interessava por aí além. É claro que a beleza se manifesta independentemente da idade e nunca me passou despercebida. Mas isto é diferente, não se trata de apenas notar certos traços mas sim nutrir uma certa atracção.

Isto não se aplica só à idade, manifesta-se também às fisionomias. Quando mais putos, parece-me, temos uma imagem à qual não conseguimos fugir muito. Ou a menina corresponde minimamente ou então não serve. Agora, cada vez mais, as balizas se alargam. A idade pouco importa, e consigo concentrar-me num ou noutro pormenor que serve para fazer palpitar a imaginação e a luxúria. Uns pés através de umas sandálias reduzidas, um ombro...

Voltando o título do post, que parece despropositado, e para explicá-lo vamos lá continuar. Esta conversa toda aplica-se muito bem à alimentação. E como mamíferos que somos faz sentido, o comer e o estímulo do paladar proporciona-nos também prazer.

Vejamos como o nosso paladar evolui com a idade. Na garotice não há miúdo que, se pudesse, não se alimentasse só de bifes com batatas fritas, frango assado e hambúrgueres do McDonalds. São como as meninas lourinhas, angelicais, de bochechas rosadas do ciclo... Mais tarde o panorama não muda muito em termos de alimentação, já as raparigas começam a ter que corresponder a critérios mais rigorosos, as formas têm de ser imaculadas.

Só quando adultos o nosso paladar se encontra desenvolvido, aprecia-se todo o tipo de sabores, cerveja, peixe cozido, sopa nabiças, arroz de grelos, iscas à portuguesa, etc... tudo e mais alguma coisa.

Eu vejo-me já nessa fase quando hoje vinha a apreciar a tal balzaquiana com uma boina, pinta de Michelle of the Resistance. Acho que era um prato de ovas grelhadas com molho de coentros.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Badalhoquismo no Bacalhoeiro

Dias 12 e 19 de Dezembro há badalhoquices no Bacalhoeiro com um ciclo de video de curtas e longas metragens.

Não confundir com as badalhoquices da cozinha do Galeto, Badalhoquismo ≠ badalhoquice, está bem? É mais um 'ismo tal como o Cubismo ou o Impressionismo.

Hoje temos no cardápio:

Uma curta-metragem que narra, através de uma sequência de stills, um trágico caso de amor, repleto de automutilações e fragmentos de um romance literalmente destrutivo.

Uma psicóloga junta a mesma equipa do filme 24 Horas de Sexo Explícito, para uma orgia com duração de 48 horas para o desenvolvimento de uma tese. Contudo, a meio das filmagens, os actores percebem que estão a ser usados para outro fim.

Depois de assassinar os pais, um jovem adolescente vai ao cinema ver Perdidos de Amor. Márcia, uma jovem rica e insatisfeita, aproveita a ausência do marido para ir à casa de Petrópolis, onde recebe a visita de uma velha amiga, Regina. Intercaladas com as cenas entre as duas mulheres que dançam, conversam sobre homens e se acariciam, aparecem pequenas histórias autónomas de assassinatos no interior de famílias pobres. Entre estas crónicas familiares, destoa a história dum preso político torturado até a morte.

Bacalhoeiro
Rua dos Bacalhoeiros, 125-2º1100-068 Lisboa
218 864 891

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Talvez me safe das peúgas...

Lembram-se da minha proposta de algumas semanas atrás? Pois bem, parece que tenho certa pessoa interessada da Aldeia De Paio Pires...

Estado Bovino

É o que diz a Agência Europeia de Segurança Alimentar num relatório relativo a 2005.

Não é nada de espantar que a doença das vacas loucas ataque em força países que vão marinando em estado bovino, pois não? De que estavam à espera?

sábado, dezembro 16, 2006

Puseram Grades Sobre os Precipícios*

Falemos muito claramente de suicídio e de eutanásia sob a forma voluntária, que discussão haverá necessidade de existir nestes casos?

Piergiorgio Welby, italiano de 60 anos, veio, através de um vídeo difundido na TV com uma missiva dirigida ao presidente italiano, pedir o seu corpo de volta, quer a eutanásia.

Welby diz que o seu corpo já não é seu, mas digo eu que não foi a distrofia muscular, diagnosticada na adolescência, que lho roubou. Rouba-lho quem não o deixa morrer agora, como deseja.

O que será que tanto assusta estados e religiões no facto de sermos nós os detentores da nossa vida e donos dos nossos corpos? A igreja excomunga-nos enquanto as autoridades nos controlam, proibindo em casos como o de Welby.

Qual é o fundamento para que se tente ou impeça alguém de terminar a própria vida quando assim decidir, e por quaisquer motivos que encontre? E como discutir o 'direito à vida' sem tocar no direito à morte?

A forma como este italiano exprime a sua vontade é tocante e mostra-nos a injustiça da vida. Não da vida biológica que é dura, absurda, mas sim da vida que é vivida de acordo com sistemas regulados vai lá entender-se porquê.

Não pude deixar de pensar nesta questão sem a relacionar, em certa medida, com a nossa discussãozinha nacional. No que é que um individuo adulto, plenamente informado e consciente, pode ser impedido de fazer como seu corpo? E porque não poderá ser assistido por quem detém o conhecimento técnico apropriado para fazê-lo?

Puseram grades sobre os precipícios, permitir-me-ão a *citação descontextualizada de Sá-Carneiro, espero...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Can't you cut your dick off?


Laivos de A.F.N.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Conversa entre dois putos do Técnico:

"O gajo teve um zero?! Mas isso numa escala de quanto?"

Será este bexigoso um dos nossos futuros senhores engenheiros...

Steven Segal

Não é formidável como o Steven Segal consegue manter a compostura com um sobretudo de camurça num restaurante onde as senhoras usam grandes decotes em vestidinhos de alças?

E, entretanto, com apenas um volteio, degola um bando de chineses usando nada mais do que um cartão de crédito, vira uma meia dúzia de cotovelos ao contrário mantendo o mesmo tom de voz manso, baixinho, sereno...

O Steven Segal é um grande actor e tem bastantes fãs. Há mesmo quem se queira parecer com ele. Lembro-me assim de repente do guitarrista dos Delfins. O Segal de Cascais.

terça-feira, novembro 28, 2006

Rexona ou Mace

Esta manhã à saída do Metropolitano estavam a distribuir umas latinhas de spray. Podia ter sido Mace. Aí sim, bem divertido!

Amostras de Rexona activreserve spray é coisa que para a qual tenho pouca utilidade...

Frio, Madurezas e Amigos Estranhos

Esta coisa do frio que se decidiu começar a instalar é um aborrecimento. Mais uma das minhas madurezas, dirão, mas o que me chateia é não poder andar tão despido quanto é desejável. Não necessariamente nu, hein, e em casa, entenda-se.

Não sou propriamente narcisista mas gosto de saber e ir vendo o que se passa com o meu corpinho e, pelo facto de as temperaturas andarem já mais por baixo, este tem estado tendencialmente mais coberto, menos sujeito à observação.

É bom saber que os pelunchos do peito continuam semeados de forma ordeira, que nenhum assumiu tamanho ou forma aberrantes. Saber do estado de hidratação da pele, se é adequado ou não. Controlar o aparecimento dessas borbulhas inomináveis, dignas de uma segunda puberdade... e, enfim, agora com uma visão menos frívola, vigiar os nevos que proliferam, embora sem desenvolvimentos malignos, na família. Já a minha avó dizia que "o rapaz-piqueno é sinaleiro!".

Não me tomem por maluquinho das doenças porque não o sou, sim?

Chamem-me cromo, quero lá saber! Com as estranhas afinidade que vou arranjando está tudo mais que explicado. Não é inédita a enumeração de uns poucos amigos "eskasitos", já o fez a prezada Fuckitall. Um pouco mais de exaustão é o que proponho na minha abordagem:

Para começar, sem qualquer critério qualitativo (lamento), apenas pela facilidade da proximidade caligráfica (sim, é porque eu escrevo muita merda em papel), apresento a Fuckit que educa a sua cria num ambiente subversivo. Fá-la saltar ao som de revolucionários como R.A.T.M.. É de referir igualmente o estado desalmado da criança, assumido sem hesitações pela própria quando questionada acerca da localização da sua alma. Embora, depois de alguma ponderação, tenha acedido ter uma alma no rabo.

A-que-não-presta também é boa peça, sim. A favor da construção em altura em Lisboa, assume-se ela própria como uma protuberância no horizonte da nossa estatura mediterrânica. Em suma, é crescida como o raio! Não é só a mania das grandezas. Fazendo justiça ao nome não perde uma boa discussão para molhar (n)a sopa, admite laivos pavlovianos no seu comportamento.

Cenas Obscenas é investigador das artes nipónicas de fornicar com o maior espalhafato possível e arqueólogo de lixo electrónico ou Beta Max. Anda muito gráfico ultimamente. Consta que é, como eu, saloio.

Sobre Dr. Traktor nem me vou adiantar, é um freak da blogosfera e não só, garanto! Também consta que é saloio.

Há aquela história dos neurónios espelho e que não podemos ser aquilo que queremos mas sim o que o meio nos permite. Essas coisas... Preciso dizer mais?

quinta-feira, novembro 23, 2006

Fêmeas Violentas

Malta mais ingrata, bilhetinho de borla e não há quem lhe pegue.

Se alguém estiver interessado num bilhete para hoje no Coliseu é enviar-me um mailzito, tenho um extra. Um desperdício...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Naturofilosofia

... e a derradeira crítica ao método teleológico reside na metafísica da resposta à seguinte pergunta:

Porque lambe o cão os tomates?

terça-feira, novembro 21, 2006

Paradoxo:

O envolvimento sério na actividade sexual dispende grandes quantidades de energia, queima calorias.

Jovens casais estabelecidos engordam. Eles com a tendência para a cabeça de porco. Elas, por seu turno, transitam para um estado em que o corpo assume a silhueta de uma saca de batatas.

Alguém se anda a esquivar do TPC. Não se aplica, ainda que em simulacro, nas artes da perpetuação da espécie humana.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Olho para a Coisa

Sem dúvida, pois!

Tenho comigo a ideia de que sou um sedutor do raio... do raio-que-me-parta, mesmo! Evidentemente, sou um nabo.

Nas companheiras que fui tendo (poucas, pouquinhas...) houve uma curiosa observação comum:

"Deves ter um monte de outras gajas aí caidinhas por ti..."

Pois com certeza! Ora, coitadas, achavam-me graça, gostavam de mim. Embeiçadas, julgavam ter encontrado nesta criatura uma grande espingarda. Eu, palerma, que só percebo alguma coisa quando se enunciam de tal forma que só falta esfregarem-me uma qualquer parte corporal nas ventas...

Moral da história: tenho de abrir a pestana.

PS: Isto não tem nada que ver com auto-estima, hein? No fundo sou até um bocado cagão...

Livros vs. Roupa Suja

Apre, que tenho a cama cercada de livros! Estão todos espalhados pelo chão. Vendo bem, antes livros que cuecas e peúgas sujas, certo?


Nos últimos tempos entrei num tremendo frenesim literário, comprei ou desenterrei um monte de coisas. Não que tenha conseguido ler realmente alguma coisa de jeito. Demasiada dispersão.

Ele é um carregamento acabadinho de chegar de Etnologia e Antropologia, Sá-Carneiro, Leonard Cohen, Büchner, Vitorino Nemésio, Pessoa, Cantigas Obscenas de Escárnio e Maldizer, Music Theory: Grades 1 to 5... Como hei-de organizar a minha vida? Tendo lido umas trinta páginas de cada um a contagem não está mal mas ainda não leva a lado algum em qualquer dos assuntos, raspa-se a superfície.

Tenho de estabelecer um método!
  • 2ª-Feira: Pela natureza perniciosa do primeiro dia da semana, Cantigas Obscenas de Escárnio e Maldizer
  • 3ª-Feira: Há que estudar! Fazer deste puto um homenzinho. Introdução à Etnologia e à Antropologia
  • 4ª-Feira: Para descomprimir um pouco mas mantendo o espírito, O Antropólogo Inocente
  • 5ª-Feira: Não perdendo a embalagem, voltar à matéria introdutória da Antropologia de 3ª-Feira
  • 6ª-Feira: Aí vem o fim-de-semana e a pândega associada. Uns copitos de vinho tinto e uns contos do Vitorino Nemésio
Quanto ao resto do fim-de-semana, como sei que este método nunca se concretizará e mesmo que assim viesse a acontecer não resultaria de forma alguma, deixo as leituras ao critério (ou falta dele) da minha real-gana.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Arruda é dos vinhos!

Ora aí está o que é!



E eu que me esqueci da Dona Elvira...

quarta-feira, novembro 08, 2006

I Got the Flues

...and sure it isn't for you.

Em casa, de molho...

segunda-feira, novembro 06, 2006

Somebody Shoot This Bastard!

Acreditam no desplante desta besta? Atentem no que diz o caçador balofo a partir do segundo 44
...e continua, e continua...

Charlie Manson

Ainda não sei bem o que pensar disto:

Manson Music


Saddam meets Bob Dylan

Mamadas de Velhas

Oh não! Agora sou eu, e logo em primeiro lugar.
http://www.google.com/search?sourceid=navclient&ie=UTF-8&rls=CYBA,CYBA:2006-33,CYBA:en&q=mamadas%20de%20velhas

Ao Polícia que me Revistou

Deves ter gostado, pois... não havia necessidade. Aposto que te voluntariaste, não foi trabalho mas sim prazer.

Abracinhos e bafejares lá mais para o raio que te parta.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Olores

Hoje no metropolitano fui abalroado por algo já tão longe do meu mundo que me aturdiu. O olor inconfundível de uma paixoneta minha do liceu. Curioso, não perfumado mas agradável, irresistível, diria. Uma coisa bestial que não se descreve ou explica, apenas apelo.

Dei voltas sobre mim mesmo e depois, sem encontrar quem esperava ver, cá dentro, pelas memórias. Vi-me transportado para bancos de jardim no princípio do Outono, anos atrás, partilhando um par de headphones de um Walkman Sony com um temperamento estranho, insistia em tocar ambos os lados da cassete ao mesmo tempo, um para a frente e o outro invertido. Um apalpão aqui, um beijo ali. A magia de descobrir corpos e gente dentro deles.

Somos tão deliciosamente parvos quando putos...

O Comboio dos Enjeitados

O crepúsculo deve ser das alturas mais estranhas para se viver. Uma zona zona indefinida onde as excepções são regra e as aberrações norma.

Este tempo não ajuda, clima desarranjado. Canícula de calor e chuva faz germinar qualquer coisa que funciona como uma dose errada de veneno que não mata mas torna o comportamento bizarro.

É uma má altura para se andar de comboio, os utentes parecem todos afectados pela tal dose mal calculada de elementos climatéricos. Mutam-se e tornam-se estranhos. Proporções disformes, corpos feitos a partir de peças respigadas.

Qual 'outlet' de vida com colecções ultrapassadas ou com defeito. Artigos separados à mão - sabe-se porquê - e montados com critérios obtusos a não ser o compromisso com a fealdade.

Jovem Atende Senhora ou Menina

Jovem saudável e asseado, escorreito e de hábitos simples recebe senhoras ou meninas. Preferencialmente meninas, muito honestamente. Atencioso, meigo e minimamente inteligente serve à la carte ou por pedido.

Contrapartida: o tratamento de peúgas, roupa interior e lavagem de loiça.

Não me importo com fazer praticamente todas as tarefas domésticas. Não desgosto de varrer e lavar o chão, limpar os sanitários, até de tratar da roupa. Gosto bastante do cheiro a roupa lavada mas as peças pequenas como peúgas e boxers dão comigo em doido, tiram-me completamente do sério. Lavar a loiça também detesto, não tenho paciência absolutamente nenhuma.

Portanto recebo senhoras, preferencialmente meninas, em troca do tratamento das minhas peúgas, boxers e loiça.

quinta-feira, novembro 02, 2006

São Mil

Muito bem!

O Creolina na Alma ultrapassou a mítica barreira das mil visitas. São poucos, sim, um número modesto mas são bons!

Muito agradecido.
Jonas

Home Porno

O absolutamente indispensável para a produção de um filme porno doméstico à la Taveira

  • Um par de peúgas é essencial para manter os pés quentes

  • Um excelente relógio Casio Digital com bracelete de plástico

  • Óleo de bebé para evitar atritos. Nada dessas mariquices de lubrificantes modernaços com anestesia e tudo. É a sério ou então não é

  • Uma câmara é essencial. Sugerimos Betamax por oferecer qualidade superior mas vai muito bem com VHS

  • O devido suporte magnético

Unhas

"Na sensação de estar polindo as minhas unhas,
Súbita sensação inexplicável de ternura,
Todo me incluo em mim - piedosamente."

Mário de Sá-Carneiro - Manucure

Como não tenho tempo para estas madurezas, tratar das minhas unhas (leia-se cortá-las apenas) é uma tarefa que tem de ser executada muitas vezes em situações limite. De manhã, depois do duche, enquanto estão mais tenrinhas é apropriado. O problema é o tempo, são três ou quatro minutos preciosos para quem anda sempre à escapinha para chegar ao emprego, eu.

Compreendo perfeitamente aqueles que têm um corta-unhas no porta-chaves. É muito mais prático tratar da nossa 'manicure' nos transportes públicos. Deixando de lado, claro, um certo pudor e o facto de as lascas das unhacas voarem quais boomerangs e poderem estar a aterrar no meio dos caracóis de permanente de alguma senhora.

Com a mania das pressas já me aconteceu sair de casa com uma ou duas unhas por cortar. Unhas das mãos, entenda-se, com as dos pés não há esse problema, pois por mais mau aspecto que tenham normalmente não estão visíveis.

Nestes meus episódios, as unhas que acidentalmente deixei por cortar foram as mais improváveis, seria de esperar que se falhasse uma das extremidades, a do polegar ou do dedo mínimo. Com a do dedo mindinho, não fosse a conotação fananzesca ou tóniana, até nos poderíamos escapar como sendo uma coisa propositada, o Canivete(suíço)Português.

Mas não, normalmente esqueço-me da unha do dedo médio da mão direita. Não sei o que isto quer dizer.

segunda-feira, outubro 30, 2006

A Mim

Eu mereço melhor, chiça! Vamos lá começar a tratar melhor este corpo e alminha massacrada.


Tenho prometido a mim mesmo um banhinho de imersão, bem quentinho, e uma garrafita de tinto do Alentejo. Música catita também faz falta.

Como a outra do anúncio "Se eu não cuidar de mim quem cuidará?"

Quoi de Neuf, Docteur?


A crise acabou!

Colocando de parte a falta de sentido de oportunidade e boçalidade desta afirmação do nosso querido ministro Manuel Pinho, vamos lá ver o que nos custará esta resolução.

Há coisas que nos tocam mais que outras, claro. Escolho uma que me implica obrigatoriamente. Cortes no IAJ. Estou de acordo que existam mecanismos eficazes de verificação das condições dos candidatos. É por aqui, para além de cortes ainda não descortinados, que o Ministro das Finanças se propõe enveredar. Cito o JN:

"Além de pretender reforçar a prova de meios (rendimentos) dos beneficiários - de forma a garantir, por exemplo, a incapacidade dos pais para suportar a renda..."

Os pais?! Mas que porra! O que têm os pais que ver com isto? Se se sai de casa por alguma razão é, certo? Já agora vamos lá ver se os papás não têm um quartinho com espaço para levarmos para lá as nossas gajas ou gajos... "Quer namorar, hum? A caminha de solteiro para a qual a mamã arranjou uma colcha tão bonita já não serve?" Qual, aquela do Urso Mischa ou a outra com os Power Rangers?

E imaginemos que os paizinhos até têm capacidade financeira mas estão lixados connosco ou nós com eles, como vai ser? E o incentivo serve para que esta juventude se faça crescidinha, não é para continuar às custas dos progenitores, certo?

Estou mesmo lixado! Não é tanto com os referidos cortes, mas sim com a perversão da coisa, apre!

domingo, outubro 29, 2006

Vincent

Doçura sinistra... É só um miminho.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Pé na Parede!

Tenho estado a ler os argumentos pelo NÃO no referendo e só me apraz dizer uma coisita:

Liberalize-se, despenalize-se ou o raio que parta o aborto ou a IVG e apoie-se as organizações do género da Ajuda de berço, Ajuda de mãe, Ass. para a Promoção da Segurança Infantil, Ass. Port. pela Humanização do Parto, Baby Center (sejam lá o que forem) ou outras quaisquer que ocupem o tempo das dondocas de Cascais ou da Lapa.

Pronto! Não ficaria toda a gente satisfeita assim? A serem válidos os argumentos de ambas as partes acabaríamos com o aborto, clandestino ou não, com a pobreza e com a vergonha das perseguições, certo?

A questão moral, como moral que é, ficaria sujeita à subjectividade da sua própria moralidade (chiça!)...

Serve?

quarta-feira, outubro 25, 2006

Pela Vida

Os cartazes dos defensores da vida são formidáveis, os que não são pornográficos mostram criancinhas quase com idade de ir para o infantário como sendo fetos de meia dúzia de semanas. Quem não se lembra do Zézinho?


Eu tenho umas propostas:

O Que se Diz Sobre:

IVG - Aborto - o que se quiser

Vou perscrutando, escarafunchando e pensando nesta coisa que é a discussão sobre a IVG. Dá realmente mais que pensar a discussão em si que a própria matéria, que parece tão simples, pela tamanha estupidez de certos argumentos.

Vejo isto quase como voyeur, talvez esteja errado, mas discutimos uma coisa que diz estritamente respeito aos direitos da mulher, convenhamos. Que pelos vistos, ao abrigo da presente lei, ainda não é dona do seu corpo e vontade. Não quero com isto dizer que a discussão esteja reservada à mulher, pelo contrário.

Não vou argumentar porque não me apetece puxar pela cabeça, hoje estou sem paciência e sou capaz de só dizer disparates. Aqui segue um apanhado, que nem sequer deu trabalho nenhum, já estão todos juntos num só local, dos argumentos do NÃO:

Temos direito a poesia e tudo. Não é por 'rimar' que se torna verdadeiro, já eu disse em relação aos ditados populares.

'O "Não" é palavra de heróis,
Dito por nós.
Dito por ti…'


in
blogue do não

Obrigado à
Kat dos legumes pela chamada de atenção

terça-feira, outubro 24, 2006

Sons

É isto que ando a tentar fazer há anos e aqui está exposto tão claramente... É uma boa desculpa para não ter de praticar tantos exercícios na guitarra.

"Com a introdução de outros parâmetros para além da altura sonora, nomeadamente o timbre, a construção de sistemas tonais orientados pelas frequências perde significado.

Assim o valor semântico dos sons ou ruídos deixa de depender - ou fá-lo de um modo subsidiário - das frequências."

Ulrich Michels

O Verdadeiro Andamento do Tempo

Esta besta foi coordenador do meu curso de Comunicação Multimédia. Neste episódio tinha decidido melgar-nos com a sua revisão de uns textos.

Ficámos a saber qual o verdadeiro andamento do tempo. Obrigado Sr Engenheiro! Escuso-me a mais comentários, a alimária fala por si...




segunda-feira, outubro 23, 2006

Lugar Comum

...mas sempre divertido.

Super-Bush, a fazer o que faz melhor.

Escabiose

Escabiose de gato, que raio é isto? Será qualquer coisa que se trate com creolina? Sarna?

Tenho tido uns hits com esta pesquisa...

Segundas

Mais uma estafada Segunda-Feira. O fim-de-semana foi porreiro, boas companhias, comezainas e um copito. Dá uma certa alegria à casa.

Questão Técnica
(Um engenheiro de transportes ou um urbanista, quiçá, poderia lançar alguma luz sobre este assunto)

Para que servem as escadas e as passadeiras rolantes? Será para arrastarem os nossos cus expansionistas preguiçosamente por pequenas distâncias ou elevações ou para tornar o tráfego pedonal mais fluido nos espaços públicos com tendência ao congestionamento, como o Metropolitano? Hum?

PS: O meu Woyzeck não teve o mínimo da minha atenção nestes dias. Tenho de retomar a tarefa...

sexta-feira, outubro 20, 2006

O Menu Mudou

Não, não vamos comer cabeça de porco

Bem sei que prometi Chilli Con Carne para o repasto desta noite, vamos ter chilli, sim, mas com outra coisa. Explico o sucedido.

Ontem quando entrei no talho para comprar a carninha dei de caras com um espectáculo que para o qual não estava preparado. E olhem que não sou lá muito impressionável. Há talvez duas coisas que me provocam agonia quando sugeridas: escarros e expectoração, de resto, bah...

Bem, talvez as penicadas cheias do meu irmão que tive de despejar quando era puto... Mas merda há-de enojar qualquer um! Talvez a coisa não seja assim tão absoluta, vendo bem não quero entrar por aí.

Voltando ao que importa, quando no talho pois que lá estava o carniceiro, todo entretido, a malhar na cabeça decepada de um porco, estava a desmanchá-la à porrada com um enorme cutelo. Com o golpe final, a enorme cabeçorra jazia em duas metades, cortada longitudinalmente, da ponta da penca à parte de trás da nuca. Foi quando decidi ir embora.

A coisa deixou-me mesmo desconfortável, sabem como é uma cabeça de um porco morto, continua rosada com um ar sorridente até. Parece que a morte não terá ali passado. Lembro-me de um talho junto à minha antiga escola secundária que exibia na montra uma cabeça de porco mascarada, de óculos escuros e chapéu. Ao lado os dois chispes, um deles com um relógio... Agora uma cabeça cortada ao meio é outra história, qual aula de anatomia suína.

Portanto a comezaina vai ser um Chilli com soja. Garanto que é muito bom.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Parangonas

Podemos congratular-nos com a recente proliferação de gazetas e pasquins, alguns deles gratuitos outros com aspirações a semanário de culto...


Não! São tão beras que assustam. O ponto positivo é que dão que escrever qualquer coisa aqui e ali.

Eu até era para estar sossegadinho, ontem estive em arrumações (isto de ter visitas tão ilustres faz-nos aprimorar as coisas) e não houve oportunidade de preparar nada para postar.

Aqui vão as parangonas que me movem hoje:


Bebem cada vez mais, fumam, trabalham, são independentes. Isto tudo pelo "desejo de serem iguais aos homens" Qualquer dia dão em fornicar. Espera! Mas já...

Shyz e FuckIt, esta deve ser do vosso apreço... Quem é que deixa a pena nas mãos desta gente?

quarta-feira, outubro 18, 2006

Visões

Estranha visão a que eu tive no comboio. Entrou um chinoca com um ar esbaforido, na Amadora ou Queluz, não sei bem. O caricato é que ele estava fardado com uniforme do exército.

Será a Coreia do Norte? Pensamento estúpido...

Bizarro, o mancebo é tão português quanto eu, para fazer tropa... Bem, eu cá safei-me. Não por ter o pé chato, ser caneja, marreco, coxo, zarolho, completamente imbecil ou daltónico mas sim por fezada. Reserva territorial, pode ser que ainda me chamem. Apre!

Ah! Não tenho nenhuma das maleitas acima referidas, talvez à parte de alguma dose de imbecilidade pontual (espero).

Chuva

Não sou um tipo para usar guarda-chuva, não tenho um sequer. E o que acontece a tipos como eu quando chove e têm de andar na rua? Está tudo dito.


E o que choveu esta noite...

O Empreendimento Continua

Ora aqui vamos, mais um bocadinho. Vou postando as cenas ainda sem revisão e não pela ordem final.

Hei-de explicar melhor a coisa mas isto não é uma peça acabada, existe um monte de fragmentos e, pelo menos, duas versões de trabalho. Esta poderá ser, sob algumas interpretações a primeira cena do primeiro acto. Eu cá ainda não decidi...


Woyzeck barbeia Capitão
Casa do Capitão


CAPITÃO: Calma, Woyzeck, calma, uma coisa de cada vez. Estás a pôr-me tonto. Que hei-de eu fazer com os dez minutos que me vais poupar? Imagina só, Woyzeck, ainda tens uns bons trinta anos para viver, trinta anos! São 360 meses. E dias, horas, minutos. O que vais tu fazer com esse tempo todo? Não te apresses, Woyzeck.

WOYZECK: Sim, meu capitão.

CAPITÃO: Eu preocupo-me com o mundo quando penso na eternidade. Mantem-te ocupado, Woyzeck, mantêm-te ocupado. É para sempre, para sempre! Consegues compreender isto, não consegues? E mais uma vez não é eternidade mas apenas um momento fugaz, sim, um momento fugaz, Woyzeck. Sinto um arrepio quando penso que o mundo dá uma volta completa sobre si mesmo num só dia! Que perda de tempo! Onde irá isto tudo parar? Basta-me olhar a roda do moinho para ficar melancólico.

WOYZECK: Sim, meu capitão.

CAPITÃO: Woyzeck, pareces tão perturbado. Um homem decente não se parece tal, um homem decente de consciência tranquila... Conta-me coisas, Woyzeck! Que tempo vamos ter hoje?

WOYZECK: Mau, meu capitão, ventoso.

CAPITÃO: Pressinto-o. Está um reboliço lá fora! O vento tem o mesmo efeito em mim que tem o rato. Suponho que seja de Sul-Nordeste?

WOYZECK: Sim, meu capitão.

CAPITÃO: Hahahaha. Sul-Nordeste! Oh que és tão estúpido, horrivelmente estúpido. Woyzeck, tu és um homem decente mas não tens moralidade. Moralidade, entendes-me? É uma boa palavra. Tens uma criança sem a bênção da Igreja, como o nosso senhor prior disse, sem a bênção da Igreja. Não sou eu quem o diz.

WOYZECK: Meu capitão, Deus nosso senhor não terá em mais boas graças o pequeno bacorinho só porque não se terá dito Amem antes de ter sido feito. O Senhor disse 'sofram as criancinhas para que venham até mim'.

CAPITÃO: O que dizes? Que raio de estranha resposta é essa? Ele deixa-me deveras confuso com as suas respostas. Não quero dizer Ele, quero dizer tu, Woyzeck.

WOYZECK: Nós somos gente pobre, vê, meu capitão, é dinheiro. É dinheiro, quando não se tem nenhum. Não se pode colocar no mundo um tipo como eu apenas com a moralidade, um homem também é feito de carne e osso. Esses, como nós, excomungados deste mundo e do próximo. Só posso esperar quando chegarmos ao paraíso que sejamos colocados a ajudar com as trovoadas.

CAPITÃO: Woyzeck, não és detentor de virtude nenhuma. Não é um homem de virtude. Carne e osso? Quando estou à janela depois de uma chuvada e vejo meias brancas a saltitar pela rua, bolas Woyzeck, eu sinto o amor! Também eu sou carne e osso. Mas Woyzeck, a virtude, virtude! Como hei-de eu ocupar o meu tempo? Mas digo para comigo 'És um homem de virtude, um homem decente, um homem decente'.

WOYZECK: Sim, meu capitão, virtude. Não tenho esse problema. Nós, as pessoas comuns, não temos nenhuma virtude, apenas respeitamos as nossas naturezas. Mas se eu fosse um cavalheiro e tivesse um relógio e um longo sobretudo e fosse bem-falante aí sim, gostaria de ser um homem de virtude. Deve ser bom ter virtude, meu capitão, mas sou um homem pobre.

CAPITÃO: Bem, Woyzeck, tu és um homem decente, um homem decente. Mas pensas demasiado. Isso consome-te. Pareces tão perturbado. Esta nossa discussão deixou-me bastante aborrecido. Agora vai-te, segue calmamente rua abaixo.

terça-feira, outubro 17, 2006

Ingénuo Empreendimento

Este é o meu ingénuo empreendimento, penso que não existe edição em português. Aqui vou postando os seus avanços.

Senhores, de Georg Büchner

Woyzeck: a Peça

Numa série de pequenas cenas, Büchner dá-nos a conhecer a história de Franz Woyzeck, um soldado raso. Woyzeck não é brilhante mas é suficientemente inteligente para saber que está a ser esmagado pela sua própria vida.

Esta não lhe proporciona auto-estima, reconhecimento ou qualquer forma de fuga da luta diária pela sobrevivência ou da pobreza e perdição da sua condição. Vemo-lo juntar varas com uma camarada, Andres, embebedar-se na taberna, barbear o seu Capitão (que o rebaixa impiedosamente). Comportar-se como um macaquinho amestrado enquanto o médico da companhia, um palerma da alta sociedade, o obriga a entreter os seus estudantes de medicina com truques tal como abanar as orelhas.

Ele tem alucinações, surgem-lhe aparições e sente-se enlouquecer. A única fonte de conforto na sua vida é a sua amante Marie e o seu inocente bebé. Mas Marie é-lhe infiel e os seus companheiros de bebida contam-lhe que ela o engana com o desmiolado mas bem-parecido Chefe da Banda da Companhia, com quem ambos se tinham encontrado na feira.

Woyzeck luta com o Chefe da Banda e perde. Ele pensa no suicídio, compra uma faca. Antes marca um encontro com Marie no bosque, junto ao lago. A frieza da sua companheira fá-lo explodir assassinando-a.

A peça tal como apresentada - não necessariamente como Büchner a planeara - termina com Woyzeck a aparecer na taberna coberto de sangue, voltando depois ao lago para fazer desaparecer a faca, lançá-la às águas. Vai entrando no lago, cada vez mais fundo, até acabar a acção.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Afinidades

Winston Churchill terá alegadamente dito, em jeito de confidência, que os cães nos adoram, os gatos nos desprezam e os porcos, muito simplesmente, nos tratam como pares.

Faz particularmente sentido vindo de alguém com a sua figura...

sábado, outubro 14, 2006

Hey! ...eu sei que andam aí. E comentar, mandar umas bocas, seus Peeping Toms?

Cromos Avulsos

Ver bons amigos que estão longe há algum tempo traz uns tremeliques e abanicos cá por dentro. Ajuda-nos a reparar em qualquer coisa ainda que desconexa. Aliás, pensando bem até conseguiria reconstruir a tortuosa e aparentemente disparatada linha de pensamento que me levou a estas últimas notícias de por baixo do manto, mas não interessa.

Há uns tempos li uma entrevista com o Tom Waits em que ele falava da sua infância. Cresceu numa pequena cidade e conta que praticamente só lá existia um exemplar de cada tipo de pessoas. Um sapateiro, um taxista, um bar, um polícia, um bêbedo, um louco, uma puta...

Sem querer fazer qualquer analogia entre este tipos e os cromos da minha vida, julgo que as minhas relações funcionam da mesma forma. Tenho um amigo deste tipo, outro daquele, uma amiga assim, outra assado... São poucos e de género único, assim como o tipo de relação que tenho com eles, não há duplicados nem sobressalentes. Um denominador comum: cromos (já o disse), mas cromos avulso, como aqueles negociados pelos coleccionadores sinistros que tinham banca no rossio. Cheguei a lá ir comprar a meia dúzia que me faltava na colecção que teimava em não sair.

Obrigado pelo presunto, gostei muito de vos ver, O. e M. Temos de fazer isto mais vezes.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Cadinho Infernal

É ainda com um pingo no nariz que relato este episódio.


No Sábado passado fiz uma excursão ao Martim Moniz, fui às compras. Arranjei uma série de chinesices de que andava à procura, ingredientes para culinária, essencialmente. Um desses artigos de mercearia foi uma embalagem de caril verde.

Hoje decidi testar a fórmula num caril improvisado de legumes e marisco. A embalagem trazia algumas indicações para a preparação, quantidade sugerida, etc... Achei por bem que para um principiante não deveria abusar na quantidade. Na embalagem estava indicado o uso de 50g do preparado, usei uma colher de sopa.

Com a primeira prova surge o choque, que porra de picante! Percebi imediatamente que o cozinhado não estava comestível para um comum mortal. O caril enunciou-se com grande brutalidade, com uma violência desnecessária, diria.

Tentei recuperar a tachada com um truque que uma cara amiga uma vez me mostrou, introduzir uma batata inteira com casca no tacho. Supostamente a batata, especialmente por descascar, absorve o picante, reduzindo a concentração, tornando o rancho comestível.

Posso atestar que funciona realmente em certo grau, o cadinho do inferno acabou por se deixar comer. Claro que foi precisa muita convicção e arroz branco. Cervejola também ajudou a controlar a queimada, só tinha uma. Mais houvesse que seriam consumidas.

Tenho uma certa apreensão em ter colocado o que sobrou numa caixa de plástico, estou de olho durante as próximas horas não vá derreter...

Vocabulário Onomástico

Tenho andado a divertir-me perdidamente com um livrinho de grande utilidade emprestado pela minha querida mãezinha. Trata-se do Prontuário Ortográfico e guia da língua portuguesa da Notícias Editorial.

Edição curiosa por um dos autores se dar pelo altamente lusitano nome de Magnus Bergström. O senhor sabe muito mais da matéria do que eu, com certeza, alguma vez almejarei saber, livrem-me de contestar uma coisa dessas apenas pelo nome! Achei caricato, é só.

A Secção que mais gozo me dá e a do Vocabulário Onomástico (vulgo substantivos pessoais). Quem queira dar nome a uma criança não deverá fazê-lo sem que primeiro se sirva desta ferramenta formidável. Arriscar-se-ia a perder a oportunidade de baptizar o pobre bastardo, ou pelo menos de não considerar a hipótese, com alguma das pérolas que de seguida transcrevo. Sem grandes critérios aqui vai:

Abúndio; Adeltrudes; Alarico; Aldegundo; Amâncio ou Amândio (a parelha alentejana); Anfícrates; Bernardo (só por ser nome de pila); Bonifácio; Borromeu; Brederode; Brunilde; Cacilda; Carmolindo; Crescência; Cunegundes; Donzília; Ermelinda; Eufrónio; Eufrosina; Felissíssimo; Formosinho; Fredegundo; Gualdomero; Gurmesindo; Hirondina; Ilsolinda; Jazelina; Libório; Mirandolino; Natércia; Octacílio; Organtina; Outubrino; Pigmalião; Porciúncula; Putífar; Quirísofo; Radamanto; Sardanapalo; Savonarola; Sinfrónio; Teodolinda; Ulpiano; Vercingetorige (sim, soletrei uma cinco vezes); Xafredo; Zebedeu; Zenóbio

Para além das boas gargalhadas proporcionadas pela leitura desta secção com amigos num qualquer serão regado com qualquer bebida alcoólica, também se pode aprender coisas como o colectivo geral para vadios, que é uma farândola. Ou ainda que o pronome pessoal clítico é colocado na posição medial se, não havendo a possibilidade da sua colocação pré-verbal, o verbo se apresentar no futuro do indicativo ou no condicional.

terça-feira, outubro 10, 2006

Formalidades

Reparei ao ler alguns posts meus mais antigos que o nível de linguagem por estas bandas desceu consideravelmente.

Isto reflecte bastante bem uma certa faceta da minha personalidade que tenho vindo a notar. Quando chego venho muito formal, demasiado formal. Com uma solenidade quase presidencial.

Certa vez, em miúdo, tive de ligar para o emprego do meu pai. Uma colega que me atendeu fez a piada de lhe passar a chamada anunciando "é o Sr. Presidente para ti."

Já noutra ocasião recente uma boa amiga me chamou à atenção num restaurante, depois de fazer o pedido, que era muito difícil sacar-me um sorriso... a seriedade, novamente.

Parece ser esta a defesa para a minha timidez, coloco uma capa de cerimónia para que as coisas me corram de forma ordeira, organizada, sem que me toquem.Claro que passada a fase do traje de gala extravaso, todo eu sou volteios e pinotes, dou traques e rebolo pelas carpetes fora. Escárnio e maledicência saltam-me como ventarolas.

Mas antes de lá chegar...

O Meu Lábio Superior

Quando é que pêlos entre o nariz e o lábio superior se tornam num bigode? Um bigode é tecnicamente um bigode existindo barba no resto do rosto de uma forma contígua à barba acima do lábio superior? Se isto é verdade eu tinha, até antes de ontem, uma dessas coisas.

Quase desde que tenho algum pêlo que se veja na venta que é muito mais o tempo que passo a usar uma barba inteira do que uma cara barbeada. Por vezes corto a barba mas tenho achado o processo tão penoso que normalmente esse estado só dura os três ou quatro dias que leva a que a face volte a estar capilarmente repleta de novo. Depois mais alguns meses de pêlo a sério.

Ultimamente arranjei um novo método que afastou ainda por mais tempo as lâminas do meu rosto tenro. Uma máquina de cortar cabelo. Tenho-me limitado a aparar a pilosidade quando esta atinge um estado demasiado selvagem e lanudo.

É certo que sempre usei lâminas de qualidade duvidosa e só desta vez, que decidi largar os cordões à bolsa, comprei uma como deve ser. Estupidamente cara, em minha opinião, para o serviço. E sempre embirrei com a publicidade em que gajos se barbeiam à bruta com um sorriso nos lábios sem qualquer desconforto.

No mundo real um desprendimento desses só levaria a sacar grandes bifes sangrentos daquelas carinhas larocas. Logo os dentes se veriam, sorridentes, por onde dantes se encontravam as bochechas...

Mas tenho de oferecer a mão à palmatória, esta Super-Lâmina 8X Ultra Mach é muito mais confortável do que eu esperava. Acabei por cortar a barba quase toda, apenas restam uns três aglomerados de pêlo organizados de uma forma ordeira e mais ou menos harmoniosa (espero eu). Nenhum deles é bigode, atenção!

Já passei pelo teste da minha colega Kat das verduras sem que esta tenha gozado muito comigo. E sabe quem a conhece que é implacável, derruba qualquer um sem dó nem piedade uma e outra vez sem parar de repisar. Não deve estar mal.

Da minha parte redescobri, principalmente, o meu lábio superior que só agora me apercebi que não via em condições há bastante tempo. O resto da cara cá está, parece-me menos pueril do que da última vez que a observei. Pode ser alucinação minha, com esta coisa de arranjar casa posso estar a tentar vislumbrar o rosto de um homem mais ou menos crescido onde dantes estava o de um puto tarão...

segunda-feira, outubro 09, 2006

A Sinfonia da Foda

Será a isto que se refere o meu caro amigo Dr. Traktor com a sua Sinfonia da Foda?

Não creio...

Mas para que raio é que alguém precisa de uma coisa destas? É idiota. Nada como trautear qualquer coisinha, tem mais valor mesmo que se seja um(a) cantor(a) horrendo(a).

AC/DC Meets Lcd Soundsystem

Já todos nós sabemos que o fenómeno da música é uma coisa cíclica, que o que esteve na berra há 30 anos acaba por regressar numa qualquer onda recauchutada ou reciclada. Aliás vemos o mesmo acontecer na moda e noutras artes e artesanatos. A música sempre andou a par e passo com a moda, é de ver.

Uma coisa mais curiosa é que, mesmo separado por bastante tempo, surgirem fraseados muito semelhantes em músicas que não têm relação nenhuma. Plágio ou recauchutagem em muitas situações mas também obra do acaso. Penso que é esta última a situação que aqui exponho.

Sou só eu a ver a semelhança entre o tema TNT dos velhotes e esganiçados AC/DC e o Daft Punk Is Playing At My House dos Lcd Soundsystem? Aqui ficam ambos para vosso julgamento:



Hei-de fazer um mixzinho para quem não nota a semelhança.

PS: Não parece que este senhor urinou as calças?

Trabalho Penoso

Muito Bem! Estou contente comigo. Já tenho uma mesa decente e bancos para belas refeições. Arranjei um candeeiro de sala para uma iluminação mais apropriada. Já posso também ler no quarto pois tenho um candeeiro de cabeceira propício à actividade.

Agora merda foi montar a dita mesa! Estava eu convencido de que a maldita vinha desmontada mas com todas as peças parafusos e encaixes bem como uma chave apropriada tal como é hábito nos artigos IKEA.

Estas não, todos os parafusos eram do tipo Phillips. O meu calvário começou aqui. Eu não tenho nenhuma chave desse tipo em condições, a única que detenho está completamente moída e não serve para nada.

Dei voltas e mais voltas à minha reles caixa de ferramentas e a alternativa que me surgiu foi um velho busca-pólos que era suficientemente estreito para caber na cabeça de parafuso Phillips mesmo sendo de fenda. O cabo desta porcaria é do piorzinho, não foi feito para apertar parafusos, muito menos parafusos de madeira que necessitam ainda de alguma força.

Após dois ou três apertos já me saltavam bolhas dos dedos (e eu tenho umas mãos preciosas). Estive para desistir... até que se fez luz na minha cabecita cansada: sabão! Aplicar sabão nas roscas dos parafusos alivia muito significativamente o esforço de os aparafusar até ao ponto pretendido.

Como noutras coisas na vida uma lubrificação apropriada é a chave para resultados aprazíveis.

O Meu Jantar #2

Sou um bocado vaidoso e quando faço alguma coisa que considero bem feita, não me coíbo de a propagandear. Sou um cagão...

Não me apetecia cozinhar, já tinha sopa no frigorífico e decidi fazer apenas um pequeno snack. Boa ideia para aproveitar pão que já não seja fresco fiz uma adaptação minha das Bruschettas italianas, Crostinis ou lá como lhe chamam.


Caíram muito bem com uma garrafita de Sagres Preta. Talvez tenha carregado um pouco no alho, mas também não espero ter visitas hoje, pelo menos não à distância de um bafo.

Customer 'Dare'

Um destes dias Houve por aqui no emprego uma acção de formação sobre atendimento ao cliente e gestão de conflitos. Estava mortinho para que não fosse convocado. Cheio de outras coisas para resolver, só me iria fazer perder tempo.

Não quero saber que entoação hei-de dar à voz quando aturo um cliente atrasado mental com uma reclamação idiota do outro lado da linha. Não faz sequer parte das minhas funções. E se tiver, em algum caso, de levar com uma estopada dessas já tenho a lição estudada.

O senhor Ignatius J. Reilly resume muito bem a atitude a tomar nesses casos nesta carta que aqui transcrevo. Trata-se da resposta a uma reclamação de um cliente que recebeu da fábrica onde o senhor Reilly exercia funções. Aparentemente a Abelman's Dry Goods recebeu um lote de calças cujas pernas teriam apenas 50cm.

Abelman's Dry Goods
Kansas City, Missouri
USA

Ex.mo Sr. Abelman (Mongolóide):

Recebemos pelo correio os seus absurdos comentários acerca das nossas calças, os quais revelam a sua total ausência de contacto com a realidade. Se estivesse mais atento, saberia ou ter-se-ia apercebido de que as calças em questão lhe foram enviadas com o nosso conhecimento cabal de que o comprimento no era o adequado.

«Porquê? Porquê?», perguntará o senhor, no seu balbuciar incompreensível, incapaz de assimilar conceitos comerciais estimulantes devido à sua vista do mundo atrasada e frustrante.

As calças foram-lhe enviadas (1) para pôr à prova o seu espírito de iniciativa (uma empresa inteligente e de horizonte largo deveria ser capaz de transformar as calças a três quartos no último grito da moda masculina; os seus programas de publicidade e de tácticas de comercialização são, obviamente, deficientes) e (2) para testar a sua capacidade de preencher os requisitos de distribuição do nosso produto de qualidade (os canais de escoamento que nos são fiéis e que confiam em nós conseguem vender todas as calças que tenham a etiqueta Levy, por quito abominável que seja o corte e a confecção; aparentemente, o senhor é uma pessoa sem fé.

Futuramente, não queremos ser incomodados com reclamações tão enfadonhas. Por favor, limite a sua correspondência connosco apenas às encomendas. Somos uma empresa activa e dinâmica, em que a insolência desnecessária e o incómodo só servem para estorvar a nossa missão. Se Voltar a molestar-nos, senhor, pode vir a sentir o gosto amargo da nossa Vingança.

De V. Ex.ª
Furiosamente.

Gus Levy
(Presidente)

Excerto de Uma Conspiração de Estúpidos de John Kennedy Toole.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Utilidades

Esta semana foi uma miséria, desta cabecita não discorreu nada de jeito, mal fiz um post aqui. Acho que devo redimir-me fazendo alguma coisa útil.


Aqui vai então uma explicação, para quem não sabe, do que é a creolina. Tenho tido alguns hits de gente que procura saber.


A creolina é um desinfectante, anti-séptico e germicida extraído do alcatrão da hulha. É normalmente apresentada sob a forma de uma solução aquosa.


Tem acção bactericida sobre os seguintes microrganismos:

Salmonella typhimurium, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Listeria monocytogenes e Escherichia coli


É eficaz como desinfectante:

  • Em instalações pecuárias, tais como: pocilgas, aviários e estábulos.
  • Na preparação de instalações operatórias para pequenas e grandes intervenções cirúrgicas.
  • No tratamento de miíases.
ATENÇÃO: PRODUTO TÓXICO. Evite ingestão, inalação e contacto com a pele, olhos e mucosas.

Coisas de Que Preciso Para me Tornar um Homem

  • Mesa de refeição e quatro cadeiras
  • Concha para a sopa
  • Conjunto de caixas de plástico, vulgo Tupperware
  • Um piaçaba
  • Uma ou duas frigideiras
  • Um tachinho e uma panela
  • Uma terrina
  • Uma saladeira
  • Uma travessa ou duas
  • Um sofá-cama
  • Uma cama
  • Um Microondas
  • Uma torradeira
  • Ferro e tábua de engomar (não que goste dessas merdas, mas tenho um monte de camisas que vesti-las é completamente impraticável)
  • Um algarismo a mais no ordenado (até pode ser um zero)
  • Aprender a ler e escrever
  • Aprender piano e francês
  • Entrar para a faculdade
  • Fazer as pazes com a guitarra

  • Segundo a minha mãe, arranjar uma namorada a sério. Não sei bem o que isso é, seguiu-se a explicação mas não me entrou... tem qualquer coisa que ver com cuidar de mim.

sexta-feira, setembro 29, 2006

11º Mandamento

Ora dêem um olhinho ao "Vão-se, muitieramá" de Cenas Obscenas no Womenage, vai muito bem...

Achei por bem adicionar mais uma referência à seguinte tirada:
"Não transmitirás a tua ignorância - devia ser o 11º Mandamento."

O Sr. Karl Popper em «Uma Lei Para a Televisão» diz que "...nada no seio da democracia proíbe as pessoas mais instruídas de comunicarem o seu saber às que o são menos. Pelo contrário, a democracia sempre procurou elevar o nível de educação; é essa a sua autêntica aspiração."

Juntemos isto a umas observações sobre o academismo que aqui lavrei há pouco e mais vale irmos todos para o inferno!

Notas #2

Considerações no caminho para o emprego.

  • Tenho de deitar estes ténis fora, fartei-me de patinar na calçada molhada.


  • Devia ter trazido algo mais quente que uma t-shirt, já começa a estar fresco.


  • É necessário fazer algo em relação aos panfletos que nos entregam por todo o lado. Acabam por atulhar completamente os caixotes do lixo, ficam espalhados pelo chão. Enfim, uma javardice. Devíamos obrigar os anunciantes a recolher todo o lixo que produzem, sendo responsabilizados com a eventualidade de uma coima calculada através de um valor por pedaço de papel deixado na via pública.

    Praxes

    Alguém pode falar-me um pouco das praxes académicas?

    Mas a sério, hein.

    É dito que funciona como que um rito de acolhimento, que serve para integrar os caloiros, fazer com que façam parte do mundo universitário.

    Eu sou um borrego, borreguei os meus estudos, não cheguei a entrar para a faculdade. Talvez por isso seja eu que não alcanço, mas pelos relatos que me chegam, em que se fala de rebolar na lama, ser aspergido com água fétida com cheiro a peixe podre, julgo que tudo isso não passa de uma animalagem descabida.

    Se isto é uma amostra do que é a Universidade, instituição de excelência e de onde deverá sair gente formada, e por gente formada não me refiro só ao aspecto académico mas também cultural e humano, mais vale baixarmos todos as ceroulas e atirarmos as nossas fezes uns aos outros, quais babuínos no zoo.

    Benvindo ao bando, toma lá uma mão cheia de merda fumegante para te ires integrando!

    É isto que se pretende? Querem integrar a rapaziada? Apresentem as miúdas jeitosas aos caloiros, convidem as caloiras para ir ao cinema ou a um concerto, vão beber uns copos, caraças! Comportem-se como gente! O que estão a fazer é uma introdução à imbecilidade.

    Parece-me bem melhor ser acolhido com simpatia, conhecendo pessoas porreiras do que passar por um calvário de humilhações sem sentido às mãos de uma cambada de aspirantes a doutores com comportamentos escatológicos e simiescos.

    E não puxem por mim para falar de tunas e batinas...

    quinta-feira, setembro 28, 2006

    Choquinhos Fritos

    Esta noite confeccionei uns choquinhos fritos com coentros, ficaram muito satisfatórios. Enquanto reduzia um pouco o molho e tentava escorrer as batatas cozidas (lembrete: comprar facas de cozinha, é uma merda descascar batatas com uma faca de serrilha) lembrei-me de uma velha história.

    Nos meus tempos de meninice acampava frequentemente com os meus pais. Sempre gostei muito desse contacto com a natureza, é com prazer que recordo essas férias. Não obstante a jovialidade desses tempos, eu, como a maioria dos fedelhos, mais volta, menos volta, entrava numa onda de birra.

    Certa vez, à hora do jantar, acredito ter serrazinado de tal forma a cabeça à minha mãe que ela me fez um ultimato:

    "Abre outra vez a boca que levas!"

    Posta a questão nesses termos nada me restou senão estar calado e esperar que me colocassem o prato à frente e , então, comer o meu repasto resignadamente.

    O jantar era chocos, não me lembro se fritos ou grelhados, e deve ter sabido especialmente bem pois tenho a impressão de o ter devorado num ápice. O motivo que me levara a estar pirrónico desvaneceu-se da minha memória de tal forma que, até hoje, nunca mais me lembrei de qual fora.

    Foi depois de ter limpo o prato que muito inocentemente clamei por mais um choco. Mal tinha terminado de articular a última sílaba já estava eu a ser fulminado por um raio caído sabia lá eu de onde! A reacção instantânea e automática da minha progenitora foi dar prossecução à sentença implícita no seu ultimato, cuja minha parte foi, de facto, violada...

    Devo ter lançado um tal olhar de estupefacção e incredibilidade, fez-se um pequeno silêncio e logo a minha mãe se desfez em desculpas, seguidas de uma valente gargalhada de todos os comensais.

    Também eu acabei por rir, e foi hoje ao reduzir o molho dos meus choquinhos que relembrei, divertido esse episódio.

    Melgas

    Dei por mim com um pensamento estranho. Acho que tenho muitos assim mas raramente me lembro, penso a toda a hora embora retenha muito pouco. Pode ser que seja pelo melhor assim, é de ver que na maior parte das vezes só me passam aleivosidades pela cabeça. Não me lembrar que as pensei é mais seguro.

    Voltando ao que queria dizer... Constatei, ao escovar os dentes que não havia nas paredes ou tecto da casa de banho uma única melga, de facto, acho que ainda não vi qualquer criatura dessas desde que me mudei.

    Confesso que senti um ligeiro vazio, é estúpido. Foi quase como quando gaiato os meus amigos tivessem de ir almoçar ou qualquer coisa. Ora as melgas como parceiras de brincadeira comigo saem sempre a perder, esborrachadas contra o estuque das paredes.

    Parece que sinto falta de dar umas pantufadas nos bicharocos e regozijar-me secretamente com as impressões que deixavam nos tectos e paredes, sem me preocupar com a dificuldade da limpeza das tripas e sangue.

    Talvez compre uma fisga, há uns quantos pombos que vão comer...

    quarta-feira, setembro 27, 2006

    Serradura

    A minha vida sentou-se
    E não há quem a levante,
    Que desde o Poente ao Levante
    A minha vida fartou-se.

    E ei-la, a mona, lá está,
    Estendida, a perna traçada,
    No infindável sofá
    Da minha Alma estofada.

    (...)

    Mário de Sá-Carneiro

    terça-feira, setembro 26, 2006

    Americanos #1

    Os americanos são uma coisa incrível. Conseguimos arranjar mil e um argumentos para abominá-los. Prepotência, ignorância, beligerância... um monte de "ân(s)ias". Mas também têm coisas engraçadas.

    Há alguns dias vi numa entrevista um cineasta falar de um azar que tinha tido: uma fissura rectal. Hurgh! Deve ser uma coisa horrível, vida miserável...


    Divertida foi a forma como ele se referiu à problemática hemorroidal e das fissuras:

    Butt trouble!

    Interruptores e Manípulos

    Ainda me acontece frequentemente procurar o interruptor no lado errado da porta, andar pelo corredor a apalpar a parede oposta tentando ligar a luz.

    É um pouco o que se passa cá dentro. Quero sentir tudo, correr e ligar todos os botões, rodar cada manípulo que encontro mas ainda tacteio muito erraticamente.

    Tenho de conhecer melhor os cantos à casa.

    Um Passo no Sentido de Uma Vida Mais Civilizada

    Tomei, finalmente, um duche quente! O timing foi o melhor com a chegada do velho Outono, uns dias mais tarde e ter-se-ia tornado penoso.

    É verdade, já tenho um esquentador novo e o gás ligado.

    Engraçado o comentário do técnico que fiscalizou a coisa, um tipo com algum espírito, despediu-se com a seguinte tirada:

    "Bem... já está ligado, agora é só gastar!"

    Tem, com certeza, cota na Lisboa Gás.

    Férias

    Aqui apresento as minhas desculpas pelo estado de desmazelo em que está este estaminé.

    Um homem também merece umas férias e estas foram de divórcio com o computador.

    Vamos lá retomar o passo.

    sexta-feira, setembro 15, 2006

    Flutuo

    Caminho descalço com os pés frios pelas nuvens
    carregando os meus olhos fundo dentro de pacotes de algodão

    Tudo branco...

    quinta-feira, setembro 14, 2006

    Hipotermia

    Fugir da sombra

    Os meus duches frios começam a cobrar o seu preço. É certo que embora a temperatura tenha descido significativamente nos últimos dias não tem sido tão difícil a minha higiene como há três semanas, quando comecei.

    O problema agora coloca-se quando saio à rua, não posso ir pela sombra. Tenho de ir saltitando por entre os quadradinhos de luz solar para me aquecer. Se por algum motivo não consigo absorver os mínimos raios de sol no trajecto até ao metropolitano chego com as pontas dos dedos roxas e a tiritar.

    Pior é o efeito que isto parece estar a ter no meu metabolismo que abranda. Fico lento e estúpido como as lagartixas.

    8

    Sou mestre em ser eu sem no entanto saber viver;
    Pontífice na arte de conjecturar grandiosos planos
    só para derrubá-los vê-los caídos por terra;

    Engenheiro de sonhos que sonhados deixo ir;
    Sou nuvem plúmbea que se afasta trovejando sem se chover;
    Tracei a minha deriva e percorro-me indo a lado nenhum

    Oiro baço ou louco sóbrio!

    Porque não quero eu as coisas que querendo teria?

    terça-feira, setembro 12, 2006

    Há Festa na Aldeia #2

    Aqui vai uma viagem pictórica pelo que foi a festa de Stº António da Abrunheira há precisamente um ano. Não vou acrescentar mais nada sem ser os comentários simples a cada uma das fotografias que falam por si.
    À chegada fomos brindados com a arte e mestria musical do agrupamento de baile Os Bacanos.
    Uma banda que só transparece alegria e entusiasmo, como é de se ver pela euforia do organista.
    Gentes dançavam e rodopiavam em volteios inebriantes...
    Não se deixem enganar pelo ar enternecido destes senhores, são criaturas ferozes e selvagens. Terão a oportunidade de verificar o que digo mais adiante...
    Não houve vivalma que faltasse ao evento.
    Para se certificar que não se cometeriam excessos estava lá o Sr. Provedor da Comissão Organizadora.
    Lembram-se de um dos alegres dançarinos? Pois bem, aqui um queria bater-me com certeza a julgar pelas chispas que saltavam dos seus olhos na minha direcção. "Odeio-te vou matar-te!"

    É em frente das câmaras que os artistas gostam de estar e é precisamente aí que devem aparecer. Assim que os flashes começaram a espalhar-se pelo recinto logo as vedetas começaram a aparecer.

    O pequeno estava especialmente endiabrado. Brindou-nos com uma sequência de momices verdadeiramente inspiradas.
    Lembro que nada disto foi encenado, partiu apenas da espontaneidade deste senhor frente à câmara.
    O artista merece o seu descanso.
    E porque a festa não pára logo surge diante da objectiva uma nova personagem. Um dos dançarinos.
    Tivemos direito a uma cantilena repetitiva, num dialecto qualquer indecifrável. Olhos bem na objectiva.
    Aqui o espanto e subsequente ira do artista quando percebeu que não iria ser pago. Já não é o mesmo dançarino embevecido que viram antes...
    Nada disto teria sido possível de tolerar sem uma boa dose de lubrificantes sociais...