sexta-feira, janeiro 26, 2007

Balofo

Esta noite senti-me inchado, balofo de orgulho. Estatelado no meu sofá baratucho do IKEA olhei em redor e, pela primeira vez, senti e disse para comigo:

"Esta merda é minha, toda minha!"

Algo Está Podre no Reino da Dinamarca

Eu não iria tão longe, pelo pivete, acho que algo está podre no Metro de Lisboa. Que fedor do diabo, em bem sei que está frio mas não custa nada um gajo lavar-se nem que seja só por baixo.

Enfim, não fora a mariazinha que vinha com aqueles sapatinhos de salto tipo agulha a viagem teria sido uma merda completa. Mas, vendo bem, também não era daquelas que levasse para casa, tinha pinta de quem ia implicar com a bolinha de cotão que tenho debaixo da cama e acabava por me tirar a pica toda.

Deixá-la ir!

quinta-feira, janeiro 25, 2007

A Musa Suplantada

A nossa Natália de Andrade, soprano dramático de belas peças, exemplos perfeitos da obra artística pura, como O Rouxinol ou O Nosso Amor É Verde, foi completamente apagada pela sombra de um outro vulto. Florence Foster Jenkins, de seu nome, apresenta-se em toda a glória e esplendor da voz humana.

Aqui vos deixo um excerto notável. É Musical snuffbox, Op. 32 de Anatole Liadov trucidado pela soprano e pelo piano de Cosme McMoon.



Não poderia deixar de partilhar também um trio saído directamente das mais profundas entranhas do Inferno da ópera Faust de Charles Gounod. My Heart Is Overcome With Terror (pudera!) pela soprano Jenny Williams e Thomas Burns, baritono. O pianista que se dane, pouco importa!


Já alguma vez deixaram cair um xilofone pelas escadas?

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Este Estabelecimento Serve Caçadores(as), Pescadores(as) e Outros(as) Mentirosos(as)

Com o que aqui vem corro o risco de parecer um pouco reaccionário e/ou talvez até um pouco labrego, mas enfim, lá terei de me aguentar.

Mulheres e as suas modernices, já soltei por aqui e por ali, no meio de muita verborreia gratuita, umas quantas loas sarcásticas sobre o assunto. Note-se que sou pela igualdade de direitos e emancipação feminina. Tenho alguns problemas, venho do campo logo carrego uma boa dose de borreguice que tento exorcizar. Melhor: não estou completamente (longe disso, aliás) livre de preconceitos e estereótipos de macho saloio mas tento, assim que note, corrigi-los e fazer com que na minha cabecita habitem ideias menos preconcebidas e modernaças.

Estou com estas baboseiras todas a tentar não passar por nenhum carroceiro, calhando é pior. Não sei.

Muito bem. Fumar, beber, conduzir, dizer palavrões, ser independente, arranjar empregos de jeito e essas coisas todas da mulher moderna não eram novidade nenhuma para mim. Coisa nova foi outra que comecei a notar recentemente: A forma como contam histórias, ou melhor, o tipo de histórias que senhoras e meninas vão contando. São tretas cada vez mais masculinizadas, quase de tasca por vezes. Daí o título deste post. Parece que legalmente os anúncios de oferta de emprego não podem ser discriminatórios ao nível do género. Terão de assumir sempre uma forma semelhante a “Sopeira(o) precisa-se”, “Sapateiro(a)...” e etc...

Os típicos azulejos das casas de pasto por este país fora não tardarão a exibir dizeres como “Este Estabelecimento Serve Caçadores(as), Pescadores(as) e Outros(as) Mentirosos(as)” a bem da igualdade.
Ora, direitos iguais, muito bem! E se tens o direito, fá-lo! Correcto? Talvez nem tanto.

Fumar? Ok, embora faça um mal do caraças talvez seja o menor. Acredito que um cigarrinho em determinadas ocasiões como depois de uma boa refeição, uma queca (boa ou má) e sei lá mais o quê proporcione um prazer honesto que desconheço mas qualquer fumador atestará.

Contar tretas sobre o fabuloso consumo do automóvel? O tempo que se fez do Algarve a Lisboa? A carapuça que se enfiou ao agente da imobiliária que vendeu a casa? Isto é quase o tipo de coisas que um bebedolas contaria ao outro com a barrigana encostada ao balcão e com as calças caídas a mostrar o refego peludo do rabo.
Ir à tropa, tornar-se uma criatura desmiolada que berra por tudo e por nada agarrada a uma G3 ou conduzir uma Berliett? Para quê querer fazer estas coisas todas que já são sobejamente beras para qualquer macho?

Mas o que me ficou mesmo atravessado foi a questão das tretas e bazófias. Levem lá todos os direitos e mais alguns, mas usufruam, por favor, dos que são bons. E com uma nova fineza que acredito que um toque feminino sério pode trazer.

As machices também podem levar uns acertos. Ah, o que eu gosto de agarrar uma pelas ancas com força e dizer que “agora eu é que sei” e mais umas badalhoquices. Mas isto só a brincar. É isso, façamos as coisas assim: os direitozinhos todos para uns e para outros e continuemos machos e fêmeas num jogo salutar.

A história das lérias é que me tira mesmo a tusa toda.